Brandas águas do Tejo que, passando
por estes verdes campos que regais,
plantas, ervas, e flores e animais,
pastores, ninfas ides alegrando;

não sei (ah, doces águas!), não sei quando
vos tornarei a ver; que mágoas tais,
vendo como vos deixo, me causais
que de tornar já vou desconfiando.

Ordenou o Destino, desejoso
de converter meus gostos em pesares,
partida que me vai custando tanto.

Saudoso de vós, dele queixoso,
encherei de suspiros outros ares,
turbarei outras águas com meu pranto.

Luís Vaz de Camões
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