Em passo lento, qual ódio a rastejar,
P’ lo negro silêncio do meu consciente
Ouço a loucura avançar sentindo em mente
O chão que pisa, dorido, a latejar.
Como evitar-lhe o vir, cedo ou tardado?
Como não sentir na mente a sua dor
E seu reinado esperar, ameaçador,
Que, sem nada a opor, vem como o Fado?
Se a loucura viesse como o raio —
De súbito — já seria um mal menor…
Mas, oh, sentir na mente, em claro ver
A razão apagar-se num desmaio,
Seu dia ficar frio, perder a cor,
E em noite cerrada escurecer.