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Sou a sombra profunda dos espaços Eu sou a dor de um pobre enlouquecido Ergo aos céus mudos meus braços E o céu é sempre azul e sempre nudo.
À Terra não me prendem nenhuns laços Perco-me em mim na dor de ter vivido! E não tenho a doçura duns abraços Que me façam sorrir de ter nascido!
Sou como tu, um cardo desprezado, A urze que se pisa sob os pés, Sou como tu, um riso desgraçado!
Mas a minha Tortura ainda é maior: Não ser poeta, assim como tu és Para falar assim da minha Dor!
In Livro de Soror Saudade
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