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Veio toda a noite dos lados da barra Com chuvas o vento — Um vento daquele que rasga e desgarra, Veloz e violento.
E por toda a noite, ouvindo-o sofrendo, Pensei no que sou — Uma alma, sozinho, planeando, e sabendo Que ignoro onde vou.
E por toda a noite na minha consciência Inerte e desperta Cruzavam-se a chuva e o vento, e a ciência Duma alma deserta.
Raiou sossegado, desfeita a tormenta, O dia por fim, E eu esqueci também a minha dor violenta, Levada talvez pela longa tormenta Para longe de mim.
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1926
In Poesia 1918-1930
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
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