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Quero dormir. Não sei se quero a morte, Nem sei o que ela é. O que quero é não ser submisso à sorte, Seja ela lei ou fé.
Quero poder nos campos prolongados Meu ser abandonar Aos seus verdes silêncios afastados, Que amo só de os olhar. Quero poder imaginar a vida Como ela nunca foi, E assim vivê-la, e perdida Num sonho que nem dói. Quero poder mudar o universo De um para outro lado, Como quem junta o seu viver disperso E o ata com o fado.
Quero, por fim, ser coroado rei Do nada a que enfim vou. Será minha coroa o que serei, E o meu ceptro o que sou.
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1934
In Poesia 1931-1935 e não datada
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006
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