Ó Maria dos Prazeres,
Que Prazeres é que tem
Não quereres, não quereres,
Não quereres a ninguém?

Ó Maria dos Prazeres,
Quem esse nome te pôs
Não to pôs para fazeres
Pesares a todos nós.

Ó Maria dos Prazeres,
Finge ao menos quem tu és,
O caso é só tu quereres —
Qu’reres a primeira vez

E ó Maria dos Prazeres,
Depois disso hás-de sentir
Que um nome obriga a deveres,
O deveres repetir.

 

31 - 7 - 1930

In Poesia 1918-1930 , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
Fernando Pessoa
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