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Não fales alto, que isto aqui é vida — Vida e consciência dela, Porque a noite avança, estou cansado, não durmo, E, se chego à janela, Vejo, de sob as pálpebras da besta, os muitos lugares das estrelas… Cansei o dia com esperanças de dormir de noite, É noite quase outro dia. Tenho sono. Não durmo. Sinto-me toda a humanidade através do cansaço — Um cansaço que quase me fez carne os ossos… Somos todos aquilo… Bamboleamos, moscas, com as asas presas, No mundo, teia de aranha sobre o abismo.
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1931
In Poesia
, Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
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