Vejo na vasta cena do futuro
Do trágico Destino a face acesa,
E de espectros cobrir a redondeza
O nebuloso céu, o pólo escuro.

Rasgar-me o peito e coração figuro
Da torpe Inveja, a bárbara fereza.
Da fome crua, esquálida pobreza
Em vão fugir desejo, em vão procuro.

Nada vale constância e sofrimento;
Monstros feros, Cerastes assanhando,
Paciência e valor põem o tormento.

O que mais é, que a vida prolongando,
Se ceva e nutre o meu entendimento
Do espectáculo feio e miserando.

Correia Garção
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