Seguia aquele fogo, que o guiava,
Leandro, contra o mar e contra o vento:
as forças lhe faltavam já e o alento;
Amor lhas refazia e renovava.
Despois que viu que a alma lhe faltava,
não esmorece; mas, no pensamento,
- que a língua já não pode – seu intento
ao mar, que lho cumprisse, encomendava.
«Ó mar – dizia o moço só consigo -,
já te não peço a vida; só queria
que a de Hero me salves; não me veja...
Este meu corpo morto, lá o desvia
daquela torre. Sê-me nisto amigo,
pois no meu maior bem me houveste enveja!»