Abro o baú antigo, e à minha vista
Em morta arrumação surge o passado.
Cada cousa me lembra alguém amado
Que hoje todo o infinito de mim dista...
E o horror da vida e do mistério e fado
Meu coração exânime contrista.
Vazio escravo duma dor sem pista
Percorro sombras, e enganado.
Em cada cousa que ergo donde está
Sinto a raiz funda em meu coração
Que um sinal mudo e lívido me dá.
Vivo quanto já fui e que perdi.