Para além do silêncio das estrelas
Onde nem rareado chega o grito
Da nossa dor, nessas paragens belas
Donde (paragens lúcidas e belas)
O Absurdo do Real anda proscrito.
Nesse infinito além do infinito’
Que da medida do real constrói
A alma insensata em sonhos, que destrói
Na própria corrupção a realidade
Do conhecer — nessas paragens
Com figuras de imagens,
Dorme, sorrindo à ilusão da vida
À falsa falsidade do viver
Uma figura estranha e indefinida
Cuja expressão dolorida
Não nos ensina a crer nem a descrer.
Dorme e sobre O seu seio que não bate
Como batem na terra os corações,
Há como que uma vida sem remate
Quer de ilusões quer de desilusões;
Dorme e não sonha porque só na vida
Se sonha; dorme; e suave e indefinida
Vai longe dela a ideia de sentir
E nos lábios subtis erra perdida
Uma sombra de dor e de sorrir.
espaço deixado em branco pelo autor