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No barco sem ninguém, anónimo e vazio, ficámos nós os dois, parados, de mão dada… Como podem só dois governar um navio? Melhor é desistir e não fazermos nada! Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos, Tornamo-nos reais, e de Madeira, à proa… Que figures de lenda! Olhos vagos, perdidos… Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa… Aparentes senhores de um barco abandonado, nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem… Aonde iremos ter? – Com frutos e pecado, Se justifica, enflora, a secreta viagem! Agora sei que és tu quem me fora indicada. O resto passa, passa…alheio aos meus sentidos —Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada, a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
In A Secreta Viagem
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