Em ũa lapa toda tenebrosa,
adonde bate o mar com fúria brava,
sobre ũa mão o rosto, vi que estava
ũa Ninfa gentil, mas cuidadosa.
Igualmente que linda lastimosa,
aljôfar dos seus olhos destilava;
o mar os seus furores aplacava
com ver cousa tão triste e tão fermosa.
Algũa vez na horrível penedia
os belos olhos punha com brandura
bastante a desfazer sua dureza.
Com angélica voz, assi dizia:
«Ah! que falta mais vezes a Ventura
donde sobeja mais a Natureza!»