Se tomar minha pena em penitência
do erro em que caiu o pensamento,
não abranda, mas dobra meu tormento;
a isto e a mais obriga a paciência.
E se ũa cor de morto na aparência,
um espalhar suspiros vãos ao vento,
em vós não faz, Senhora, movimento,
fique meu mal em vossa consciência.
E se de qualquer áspera mudança
toda a vontade isenta Amor castiga
- como eu vi bem no mal que me condena -,
e se em vós não se entende haver vingança,
será forçado – pois Amor me obriga -
que eu só de vossa culpa pague a pena.