O sino da igreja velha
Tem um som familiar,
E as casas baixas de telha
Não sei a que o sino toca
Não sei o que o sino evoca
Meu coração não coloca
As coisas no seu lugar.
Era outrora tão contente
Que já não sei se era eu.
Aquele que sou agora
Se existe, é porque morreu.
Não tem missa na igreja,
Nem cousa alguma que seja
O que sente ou deseja.
E o sino cessa no céu.
É à missa a que vão crentes
Ou a que vai quem lá vai
Que o sino com sons frequentes
Toca esse som que lhe sai —
Seja ao que for, vai tocando
E no meu coração brando
Como uma clepsidra soando
Cada som lembrado cai.