da suave fala das abelhas conhecíamos
o híbrido ouro dos abdómenes, a transparência irreal das asas carregadas
de pólenes e desconhecidas tarefas
conhecíamos o murmúrio majestoso do mel
e de como à proximidade dos dedos em pleno voo se solidifica a luz
os corpos em cera clamam pelo vagaroso olhar das melíferas despojadas
e no rumorejar do místico alimento surge, armazenada nos favos da
língua, a fala
no fundo, eu atravessava-te sem me deter
nada sabia ou sei acerca da morte
nem das ruínas deste outro corpo que o mal é capaz de ressuscitar