MOTE

No meu peito o meu desejo
da razão se fez tirano;
vejo nele certo dano,
incerto remédio vejo.

VOLTA

Pera de todo defender-me,
este mal por passar tinha:
ir eu contra a razão minha
que morre por defender-me.
Da parte de meu desejo
me passo pera meu dano;
vejo que nisto me engano,
mas nenhum remédio vejo.

 

Luís Vaz de Camões
[NO MEU PEITO O MEU DESEJO]
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