Se o rouxinol falasse, não cantava.
Ah, um bocado de inconsciência!
Meu coração onde é que estava
Quando eu falava com a ciência?
Não... E escusado o amor...
Um sentimento...
Qualquer cousa que seja a flor
De não haver (nenhum) intento...
Qualquer cousa de intervalar;
Por imprecisa, suave...
Qualquer cousa como aquele ar
Onde a alma é ave...
Depois, até o regresso à vida
Tem suavidade — aquela
Que, porque foi sentida,
É ainda a saudade dela.
Não pensar bem... Ir começando...
Depois, interromper sorrindo...
Ave que, ainda voando,
Vem caindo..
Memória do futuro inútil,
Preciosa a leque e a riso seu...
E o pano apaga o drama inútil
Que já esqueceu...