Meu país turístico de doce clima tão frio De negras neves a caiar os montes E os prados cansados Tenho uma capa de degredo larvas de água triste Nos cabelos húmidos E pés descalços pelos sapatos do desengano Meu país de água com o mar à beira Meteste-me no fogo do ventre um coração parado Pelas águas geladas de poluídos rios e gastos mares E sou (fui) a emigrada presente que nem parte nem partiu Não partirá Arbusto mal plantado no suicídio do vento Cobrindo o rosto com as folhas das mãos
In Voz Nua
, Livros Horizonte, 1986
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