Dormimos o universo; a extensa mole
Da confusão das cousas nos engana,
Sonhos; e a ébria confluência humana
Prolixa ecoa-se de prole em prole.
O ouvido atento, que se às portas cole
Onde suspeita deuses, só se ufana
Da pulsação do sangue em si, que irmana
Seu som com passos que a distância estiole.
Cegos que um louco guia, atravessamos
A inútil extensão do impossível,
Barulhando ervas húmidas e ramos;
E a um rumor longínquo e insensível,
De que talvez, indo, nos afastamos,
Damos o ouvido surdo e iludível.