Uma vontade física de comer o universo
Toma às vezes o lugar do meu pensamento…
Uma fúria desmedida
A conquistar a posse como que absorvedora
Dos céus e das estrelas
Persegue-me como um remorso de não ter cometido um crime.
Como quem olha um maré
Olho os que partem em viagem…
Olho os comboios como quem os estranha
Grandes coisas férreas e absurdas que levam almas,
Que levam consciências de vida e de si próprias
Para lugares verdadeiramente reais,
Para os lugares que — custa a crer — realmente existem
Não sei como, mas é no espaço e no tempo
E têm gente que tem vidas reais
Seguidas hora a hora como as nossas vidas…
Ah, por uma nova sensação física
Pela qual eu possuísse o universo inteiro
Um uno tacto que fizesse pertencer-me,
A meu ser possuidor fisicamente,
O universo com todos os seus sóis e as suas estrelas
E as vidas múltiplas das suas almas.