página legível quase ilegível
nuvens súbitas asas rompendo a luz
aves
terra sobre as máquinas do caderno de capa preta
tinta manchas de ar frio
agulha pulsando nas veias
lenta
lentamente
as palavras sujas com dedadas
estão assinaladas em itálico e
soltas a um canto rasgado da folha
estavam rabiscadas estas frases:
o tempo encoberto para lá das brancas portas
quase sempre fechadas
apesar disso conheço o momento propício
à fuga
à morte do albatroz que perdeu a rota
o avermelhado das luzes de vigia
a terra enegrecendo-se sob a espessa sombra das
aves
nuvens pesadas rubras
vibráteis
não percebo
dentro de momentos é cedo ainda para matar as palavras
será sempre cedo nas moradas do meu silêncio?