Chamem por mim
(se no chamarem também vou), chamem por mim
os leitos secos de rios,
que este rio que sou
irá correr por eles...
Ai florinhas da margem, quase murchas!
Ai rebanhos que morrem pelas margens!
— Eu correrei, mansinho como a Tarde...
Heis-de parir ainda, ovelhas brancas!
Heis-de ainda dar mel, florinhas tristes!
Menina feia, com pena
de se chegar à janela
(pena de si, que já sabe
que nAo vo olhar pra ela)
anda, vem-te mirar no rio que passa!
Um instante que seja, terás graça; serás feliz
se depois a saudade te lembrar
que ao menos por um dia foste bela.