Não chove ainda mas a terra na sua amarelenta e fria cor cheira já a chuva. Não poderia viver onde a luz fosse estrangeira. Teria medo de morrer sem partilhar com o sol do meio-dia a pulsação do próprio olhar. Não se pode mudar de luz como quem muda de camisa: o meu país é onde a pedra acesa do mar ilumina as veredas do coração. E a cal escorre dos muros e do tronco das oliveiras. Até ao chão.
In O Sal da Língua
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