Em melancólica negridão Teu olhar em Nampula Menino negro chave futura de uma justiça serena Na cidade de Lisboa chora esta mulher que te canta De mãos atadas Nesta cidade de navios e aviões E manso rio E largo mar Cidade Que vai ter ao teu continente Em sal de choro continuado Menino Melancólica negridão acusadora Forte de silêncio Abre minhas mãos Se puderes E limpa-lhes o sangue das unhas cravadas Com teu olhar Com teu olhar branco de justiça sem balança.
In Voz Nua
, Livros Horizonte, 1986
|