Em Babilónia, sobre os rios, quando
de ti, Sião sagrada, nos lembramos,
ali com grão saudade nos sentamos,
o bem perdido, míseros, chorando.

Os instrumentos músicos deixando,
nos estranhos salgueiros pendurámos,
quando aos cantares, que já em ti cantámos,
nos estavam imigos incitando.

Às esquadras dizemos inimigas:
«Como hemos de cantar em terra alheia
as cantigas de Deus, sacras cantigas?

Se a lembrança eu perder que me recreia
cá nestas penosíssimas fadigas,
oblivioni detur dextra mea».

Luís Vaz de Camões
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