|
O conto antigo da Gata Borralheira, O João Ratão e o Barba Azul e os 40 Ladrões, E depois o Catecismo e a história de Cristo E depois todos os poetas e todos os filósofos; E a lenha ardia na lareira quando se contavam contos, O sol havia lá fora em dias de destino, E por cima da leitura dos poetas as árvores e as terras.. . Só hoje vejo o que é que aconteceu na verdade. Que a lenha ardida, exactamente porque ardeu, Que o sol dos dias de destino, porque já não há, Que as árvores e as terras (para além das páginas dos poetas)... — Que disto tudo só fica o que nunca foi: Porque a recompensa de não existir é estar sempre presente.
In Poesia
, Assírio & Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001
|