En lingua gallega


Alá en Monte Rey, en Bal de Laça,
a Biolante bi, beira de um rio,
tan fermosa em berdá, que quedé frio
de ber alma inmortal en mortal maça.

De um alto e lindo copo a seda laça
a pastora sacaba, fio a fio.
Quando lhe disse: «Morro, corta o fio»,
bolveu: «Não cortarei; seguro passa».

«E como passarei, se eu acá quedo?
se passar – respondi – não bou seguro
que este corpo sem alma morra cedo».

«com a minha, que lebas, te asseguro
que não morras, pastor». «Pastora, hei medo.
O quedar me parece mais seguro».

 

Luís Vaz de Camões
« Voltar