Mãe, quero ir ao passado, onde estive buscar
Os brinquedos que lá deixei,
Não digas que a noite está fria, que faz mal o ar,
Mal não me farei.
Quero ir à procura do irmão meu que perdi
E sou eu afinal,
Mas aquele que brincava comigo como nunca vi
P’ra loucura igual.
Quero ir, minha mãe, ao passado — só dois passos
Para fora da porta
Buscar o boneco, e o persa infantil, e os □
Mãe, não me guardes os carros, é luar, vejo bem.
Quero ir ver se inda está
O carro pequeno onde o deixei, se ninguém
O tirou de lá.
Quero ir trazê-lo debaixo do braço, a correr,
Quero ir ter ao jardim,
Mesmo que eu nunca volte, mãe, e ir seja morrer
Deixa-me ir lá ao fim.
Quem compreende o que eu sinto? O carro e o boneco
Eram meus, estão ali.
Não queiras que eu não vá. Vê se os □ ou os perco
Mãe, é tão triste dormir a pensar e a ter pena!
Mãe, não to sei dizer...
Deixa que eu vá, deixa que eu volte à criança pequena!
E possa esquecer.