O meu vizinho serralheiro
Sabe salvar a humanidade.
É simples — fica o mundo inteiro
Composto de uma só metade.
Cessa o burguês, o cheio abdica
Da sua submissão latente...
E então o mundo inteiro fica
Composto da metade ausente.
Se não é isto que o vizinho
Tem por melhor do futuro,
Prisões, que expliquei sozinho,
O que ele quer é mais obscuro.
Composta assim de não haver
A humanidade, enfim feliz,
□ e de sofrer.
É o serralheiro que o diz...
Ó, pagã felicidade!
O certeza de um porvir fagueiro!
Ah Minerva, por que amabilidade,
Meu Deus, por que infelicidade
Não me fizeste serralheiro?