O que magoa é ver o pobre
timorense esquálido beber
água do pântano,
onde se escoam lixos,
comer poeira
e saudar-me quando
rodo na estrada,
deus ocioso.
Tantos e tantos outros,
timorenses esquálidos,
olham-se como se dever fosse
abrir covas,
plantar repasto
de milho, arroz e carne,
encher copos vazios,
de bebedeira e sonho,
que não magoes,
mortifique o ócio,
reanime o tempo.
Fugir é melhor que prometer
esperança em melhores dias.
Fugir é atrasar
o discurso limite
travado pelas rodas
da dúvida maníaca.
Eu não prometo nada.
Invoco os montes
feridos pela luz,
o mar que me circunda
em Díli terra-tédio e de má gente.
Afino-me pelo timbre
limpo das almas
dos timorenses esquálidos
que me soletram vivo.
E sigo,
limpo na alma e no rosto,
sujeito à condição que me redime.
Os Timorenses só terão razão
quando me matarem