Apagaram-se as pombas no telhado,
escorreram no sangue,
vão suceder-se noites sem flores,
imagens sem luz,
caminhos sem água nas arestas do crime.
Coloco um retrato de Allende na parede
e recebo a dor deste sorriso
como um punhal na minha impotência.
Que batalha vai iniciar-se? De que armas
nos iremos servir?
O poema não basta,
eu sei.
Mas será música
no dia do regresso — pombas
novamente
no telhado das estrelas.
Apenas uma imagem — por agora.