(«... Daqui, donde mais livre se caminha.»
FREI AGOSTINHO)
Ó meu país do Sol!
Pressentimento
da claridade celeste!
Ó fonte de Pureza!
Ó minha
Serra toda pintada de Esperança
e debruada de azul!
Reveladora maga
dos meus cinco sentidos, criadora
de aqueles que eu no tinha e tenho agora!
Ó minha outra Mãe,
que, num leito de flores e sorrisos,
me deste à luz de seda das Estrelas!
(Tuas carícias, Mãe!,
são os sonos que durmo, deslumbrados
e mansos, como dormidos
por meninos pequenos.)
Ó Serra aonde a cor
é luz extasiada!;
aonde a Primavera, quando chega,
já se encontra a si própria a esperar-se!
Ó minha amante sempre virgem
e sempre desejosa do meu corpo!
Ó palavra de Deus a exprimir-se
pelas bocas ingénuas das estevas!
Minha pomba da Paz!
Ó toda perfumada
do corpo de Agostinho!
Ó sorriso do Mar!, ó búzio longo
que prolongas a grande voz salgada!
Ó bordão
dos que já vinham cansados!
Nossa Senhora
desses a quem o Mundo deixou vincos
na alma!
Donzelinha saudosa que não sabe
se tem saudades do Céu,
se as tem de si!
Ó Serra aonde as noites
sAo camisas puríssimas de Noiva
e os crepúsculos são primeiros-beijos!
Pátria do mês de Maio!
Madrugada
do Dia que há-de vir p'la mão da Morte!
- Eu não quero cantar-te, minha Amante,
Minha Mãe, minha Irmã, minha Senhora;
eu só quero entender-te toda a vida
como te entendo, Serra!nesta hora.