Na minha atenção há horas insanas
Alegres no meu ver...
As cousas têm (fito-as a tremer)
Fisionomias humanas
Mas sem as ter...
Com consciência no olhar que não têm fitam-me
Os muros, as portas
Com um rictus na face inexistente meditam-me
Os postes,□ mortas...
E toda a Natureza é minuciosamente
Um mar de horror
Em toda a parte, tudo é pavidamente
Gente — até cada cor...
Cala-te... Não fales... A tua voz é tudo
Entes, corpos de som, com vida...
Tudo em redor finca garras de consciência
Em mim, presa □
Chove... Os pingos da água são cada um
Indivíduos e horror...
Onde fugir? Neste mar não há porto nenhum!
Ó pavor! Ó pavor!
Apaga-me, fecha a consciência à chave
Num cárcere de morte,
Morte total... Morte onde enfim
□ acabe.
Tudo se alarga, torna ente e homem e atento.
Eu gelo em meu cárcere gritos de medo...
Tudo me expõe com voz visível um horroroso pensamento
E me segreda com boca irreal e visível em segredo.
E de repente, boca [.], eu sinto-me vário
Cada célula de mim tem vida própria, pensa...
E eu sou um mar de horrores consciente, sobre que, densa,
Paira a bruma da minha individualidade,’
Disperso-me... O que sou, e que vejo, todo eu
Exterior a que eu mesmo além-pertenço.
E eu não sei o que sou, apenas sei
Que sou a voz da consciência vária
Em mim...
□ espaço deixado em branco pelo autor
[.] palavra ilegível