Verte em mim beijos de orvalho
E virá a madrugada
Pelo espírito desperto.
Adorna a fronte curvada
Com louro, para que eu veja,
Mesmo sorrindo em dor, minha sombra coroada.
Embora a cabeça penda,
Teus pés, calçados de esp’rança,
Passam e são eloquentes
No modo em que o passo avança.
Algures na relva se fundem
Com aquela parte de mim que outros sentidos alcança.
Sejamos sempre os amantes
Longe da carne, a ceder,
Amantes de um modo novo
Onde não há fala ou ver.
Vagos assim nosso amor
Não nosso já, tão-só um hálito do Puro Ser.