Sobre os rios do Reino escuro, quando
tristes, quais nossas culpas o ordenaram,
lágrimas nossos olhos derramaram
por ti, Sião divina, suspirando;

os que iam nossas almas infestando
de contino em error, as cativaram,
e em vão por nossos salmos perguntaram,
que tudo era silêncio miserando.

Dizendo estamos: «Como cantaremos
as aceitas canções a Deus benino,
quando a contrários seus obedecemos?»

Mas já, Senhor só Santo, determino,
deixando viciosíssimos extremos,
os cantos prosseguir de amor divino.

Luís Vaz de Camões
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