Aqui neste ano de 1962
primeiro de Maio
às três horas da tarde
E de novo pergunto poderei acaso dizer outras palavras
falar do tempo do relógio de ponto dos passeios aos domingos
cerrar os olhos à coreografia da violência
diariamente aprendida por entre o sal das lágrimas
Poderei esquecer como se não me pertencessem
seus nomes usuais
a decisão alegre e corajosa
que sombreia de medo o sono dos carrascos
Uma mulher desliza
meus olhos vão com ela presos ao ondular das suas ancas