Néscia, vil ignorância, injuriada
Dos vivas, que meu estro me granjeia,
Desce aos Infernos e a calúnia feia
Bramindo extrai da lôbrega morada:
Do monstro de cem bocas escoltada,
Por aqui, por ali corre, vagueia,
Em meu nome de lar em lar semeia
Agro dictério, sátira danada:
Em cínico furor me finge aceso,
Venenoso, mordaz, ímpio me chama,
Diz que o jugo de um rei, de um Deus, desprezo.
Mas sempre, sobranceiro à baixa trama,
Das pátrias justas leis me é doce o peso,
Amo a religião, e aspiro à fama.