O crepúsculo abrasa e eu pronuncio
o teu nome como se estivesses longe
e não aqui, ao lado da ericeira,
com as tuas mãos dentro de mim
a provocar o fogo. O crepúsculo
é de sangue, a luz
permite ainda ver o mar, o movimento
da água nas pupilas As sombras
acumulam-se em torno da cabeça
que se curva para
me descer ao corpo
de lábios abertos para receber o voo sôfrego,
os cristais
do mergulho profundo. No relevo
em que nos situamos
os volumes escoam-se, só o tacto
age no tempo, toma-se
a palavra mais justa, feita
de silêncio que os dedos realizam
na descida aos vulcões.
A escuridão cobre-nos como
a serenidade. Somos
um todo, uma versão
acabada da paz — quietude
no final dos limites, quebra ritual.