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O rio sem que eu queira, continua. Espelha-se, fora de eu ser eu, a lua Nas águas do meu ser independentes… Meus pensamentos, sóbrios ou doentes Nunca saem p’ra fora do meu ser. No barco ao pé da margem, ao mover O remador os remos, fica tudo… A noite é clara, o coração é mudo E a palavra que eu vou dizer, e fora, A ser dita, a noção na alma da hora, Passa, como um murmúrio vão de vento… E eu, só na noite com meu pensamento Não me distingo do que me rodeia… E então é só real a lua cheia…
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1919
In Poesia 1918-1930
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
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