Agora toma a espada, agora a pena,
Estácio nosso, em ambas celebrado;
sendo ou no salso mar de Marte amado,
ou na água amante da Camena.

Cisne sonoro por ribeira amena
de mi, para cantar-te, é cobiçado;
porque não podes tu ser bem cantado
de ruda frauta nem de a agreste avena.

Se eu, que a pena tomei, tomei a espada
para poder jogar, licença tenho
desta alta influição de dous planetas.

Com ũa e outra luz, deles lograda,
tu com pujante braço, ardente engenho,
serás Faró a soldados e a poetas.

Luís Vaz de Camões
AGORA TOMA A ESPADA AGORA A PENA
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