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Acorda. Vem Até ao mar. As ondas têm Um vago amar.
Há um calmo fim Ao pensamento No mar, assim Cessado o vento.
A hora salga De calma a dor... Uma e outra alga Doem-lhe à flor...
Vem tão comigo Por tal caminho Que eu contigo Me creia sozinho...
Tanto pertenças Ao meu pensar Que as duas presenças — Tua e do mar —
Não sejam mais Que a calma triste Sem nexo ou ais Que em mim existe...
Ah, desejar! Amar, sofrer! Eu, tu e o mar... Como dói ser!
Vem ajudar Meu pensamento A dispersar P’lo mar sem vento.
c. 2-10-1915
In Poesia 1902-1917
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
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