Quando, cheio do próprio dó,
No meio do ermo e horrível universo,
Cada um conhece que ‘stá só
E que quanto mais saúda os céus e o pó
Mais somente em si mesmo está imerso;
Quando, na fria e alheia solidão
Que é tudo, quando o sente o coração,
Quando são mortos os que nos amaram
E só os que nos estremam nos finaram,
Para fazer mais fria e mais sozinha
A casa sem raiz que nos deixaram
E a abandonada vinha...
Então, quando uma nova consciência,
Um pavor louco da infinita treva,
Nos enche a inexistência
E uma névoa do além se eleva…
Então, Senhor, erguendo o olhar sem rumo,
Surge da inerte noite, como um dia
Teu vulto misericordioso,
Teu gesto paternal e cuidadoso,
Tua tristeza e alegria...