Deixa, Apolo, o correr tão apressado;
não sigas essa Ninfa tão ufano.
Não te leva o Amor, leva-te o engano,
com sombras de algum bem, a mal dobrado.
E quando seja Amor, será forçado;
e, se forçado for, será teu dano.
Um parecer não queiras mais que humano
em um silvestre adorno ver tornado.
Não percas, por um vão contentamento,
a vista que te faz viver contente;
modera em teu favor o pensamento;
porque, menos mal é, tendo-a presente,
sofrer sua crueza e teu tormento
que sentir sua ausência eternamente.