Anos e anos do que não foi eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de quem nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui.
Agora que a viagem é regresso
Ao que deveras sou, deveras peço
Que eu tenha num momento de viagem
Remorsos de mim mesmo ou da paisagem.
Porque, por muito que se a alma tenha
Afastado do mar que as praias banha
Das sua solidão universal,
Volta, de noite, sem que o luar venha,
Ali, num passo antigo e natural.