Depois de haver chorado os meus tormentos,
quer Amor que lhe cante as suas glórias.
Canto de ũa beleza os vencimentos,
de um longo padecer choro as memórias.
Porém, se as minhas penas são vitórias
pôr a causa a meus altos pensamentos,
dilatem-se em larguíssimas histórias
estes meus gloriosos rendimentos.
Mova-se em todo o mundo único espanto
de que é pela beleza que eu adoro,
do que cantado tenho prémio o pranto.
Contente ofereço a Amor tão triste foro;
que, se choro, não há como o meu canto;
não sei canto melhor que este meu choro.