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Quantas vezes chorou no teu regaço a minha infância, terra que eu pisei: aqueles versos de agua onde os direi, cansado como vou do teu cansaço?
Virá abril de novo, até a tua memória se fartar das mesmas flores numa última órbita em que fores carregada de cinza como a lua.
Porque bebes as dores que me são dadas, desfeito é já no vosso próprio frio meu coração, visões abandonadas.
Deixem chover as lágrimas que eu crio: menos que chuva e lama nas estradas és tu. poesia, meu amargo rio.
1950
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