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Pobre de tudo, excepto de o saber, Volvo atrás para ler Aquele anúncio à porta da morada Do regedor do Nada Onde se diz que alguém perdeu na rua Uma alma que era sua, E quem a achasse que a trouxesse ali Onde o anúncio vi. Encontrei-a, escondi-a, não a dei Por achada ante a lei. Mas sofro a dor de não poder saber Dela o que hei-de fazer, Que ter uma alma a mais faz pena e dó: São dois a um estar só.
[23-6-1934]
In Poesia 1931-1935 e não datada
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006
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