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O orvalho da tarde beija
Vagamente a minha face,
Vagamente e sem tocar;
E em mim sem que eu queira nasce
Uma ânsia que só deseja
O que não pode encontrar.
A lágrimas não me leva,
Mas aspira dubiamente
Ao que nem está no porvir;
E em mim a minha alma sente
Onda que suave se eleva
Para suave cair.
Ah, esta alma, onde não arde
Centelha que nada avive,
Não envolvei (esp'rança vã!)
A Transcendência que vive
Desde o orvalho da tarde
Ao orvalho da manhã!
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1908
In Poesia 1902-1917
, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
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